terça-feira, 27 de outubro de 2009

Pequenas Alegrias


Cheiro da terra molhada
O vento que me despenteia os cabelos
O som dos pássaros
Os pés descalços
O sabor de um doce
Algumas recordações
Um bom livro
O som das ondas

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Independência


A nossa independência financeira, espiritual, moral, pode ser em tantos casos algo tão difícil de manter.
A independência financeira no contexto actual é talvez das mais difíceis de fazer, implica acima de tudo um absoluto desinteresse pelos que connosco convivem 8 ou mais horas por dia.

A independência espiritual implica a certeza inabalável de que somos uma soma de átomos percorridos por um fluxo eléctrico que um dia se esgota.
A independência moral, significa estar regulada por regras próprias que podem ou não enquadrar-se nas regras sociais, legais, e espirituais.
Por fim, a mais difícil de todas as independências, a independência sentimental, não estar presa a
um sentimento que nos "obrigue".
Luto arduamente para atingir todas

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Amiga

Hoje foi um bom dia

Não é todos os dias que a luz da alegria rompe a escuridão
Mas hoje assisti a uma volta do destino, e estou feliz por ser espectadora de um milagre.

Este desenrolar de acontecimentos fez-me ponderar na palavra milagre.

Se milagre é tudo o que implica uma alteração no rumo da nossa vida e que não é controlado por nós, então que milagre maior que o amor de mãe?

O momento exacto em que nos depositam o filho no peito e ficamos maravilhadas por, de uma forma inesperada, termos sido nós a "fabricar" aquele bocadito de carne.
Aquele momento em que o olhar nos fixa e o sorriso se adivinha.
Aquele momento em que após a refeição, também essa milagrosamente "fabricada" por nós, o olhar satisfeito nos agradece .

Sim.....já assisti a uns quantos milagres.

Hoje, mais uma vez, sou uma espectadora encantada com o milagre da vida

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Armadilha

Hoje tive uma conversa muito interessante com alguém que vive num casamento com alguns (muitos) anos.


Seria até bonito de comentar se este casamento não fosse uma trama de poder.

Neste caso o poder sobre o outro manifesta-se numa dependência absoluta para tudo o que é o dia a dia prático.

Ou seja a mulher anula-se de forma tal que depende do homem até para ir ás compras, para manter uma rotina, para manter a sanidade mental, chegando a ponto de acreditar que se o casamento acabar a vida dela não tem razão para existir.
Tendo eu ultrapassado várias relações entre as quais um casamento de alguns (muitos) anos, custa-me a acreditar na existência de alguém assim.

Por muito que fossem sofridas as separações, jamais coloquei em causa a possibilidade de terminar a própria vida, jamais me anulei em função do outro, jamais vivi em função de outro.
A questão que aqui coloco é:
- Isto é um casamento ou uma mera armadilha?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sou


"O meu mundo não é como os dos outros,
quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada, com uma alma intensa,
violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudade sei lá de quê!"


Florbela Espanca